Uma semana depois de chegarmos, saímos de Porto Alegre. O nosso plano era ficar dois dias, e quando demos conta já tinha passado uma semana. Não ficamos por comodismo, ficamos porque, ao contrário do que imaginávamos, Porto Alegre é uma cidade linda e cheia de coisas para ver, cheia de cultura e diferente de todo o Brasil. Ficamos porque éramos bem vindos e fomos tratados como família. Ficamos porque nem uma semana deu para conhecer tudo o que o Rio Grande do Sul tinha para nos dar. E o mais gratificante é que a vontade era tanto nossa como de quem nos recebeu! Os Gaúchos “vendem” o seu Estado como nunca vimos ninguém fazer: respeitam as suas tradições, explicam-nas e e ensinam-nos a vivê-las. O exemplo mais impressionante é o do chimarrão, um chá de mate, diferente dos outros da América do Sul, melhor, segundo eles, tal como tudo o resto no seu Estado, e que tomam durante todo o dia, a toda a hora. Em todos os parques vemos grupos de jovens a tomar o chimarrão em roda, ou mesmo sozinhos nos bancos de jardim e esplanadas, já para não falar que em casa há sempre um pronto! Toda a gente tem a cuia personalizada (espécie de chávena), a bomba (para tomar o chimarrão), a térmica (não importa o tamanho que tem) e muitas vezes tudo isto dentro de uma bolsa própria. E nós tivemos a sorte de tomar várias vezes o chimarrão feito por profissionais!
No primeiro dia, o Rafa, a Raissa e o Francisco vieram buscar-nos ao aeroporto e fomos deixar as malas a casa do Francisco onde ficamos a dormir. Nesse dia fomos jantar a um boteco (equivalente a tasca em Portugal) na cidade baixa, perto das zonas universitárias, onde estavam muitos estudantes. Acordamos no dia a seguir com um churrasco bem típico e durante a tarde fomos ao Parque da Redenção, ou Parque Farroupilha, e lanchamos um “suco” e uns pasteis de carne na Lancheria do Parque, famosa também pela sua comida exposta a preço da chuva e com aspecto secular: corajosos são os que se atrevem a come-la! Ao final da tarde fomos à zona antiga da cidade, onde passamos pela Casa Cultural Mário Quintana, poeta gaúcho, muito conhecido, e claro, o melhor do Brasil. No dia seguinte voltamos ao centro histórico: visitamos a Igreja da Nossa Senhora das Dores, com a seu estilo único no Mundo e no Brasil, o Palácio Piratini, e a Catedral, cuja cúpula apenas se compara com a cúpula da Catedral de São Pedro. E maior do Brasil, pois claro! Durante a noite jantamos em casa do Rafa, jantar feito pelo pai dele, cozinheiro “de nome” em Porto Alegre, especialista em comida Vietnamita.
Quando nos apercebemos o Francisco e o pai, Baiano de apelido e de nascença, tinham conspirado uma ida à serra Gaúcha, para uma visita ás vilas de Canela e de Gramado. Fomos apanhados completamente de surpresa. Conhecemos um Brasil que nunca pensamos conhecer, nem sequer sabíamos que existia. A influencia Europeia, nomeadamente Alemã, é enorme, pareciam vilas de brincar, com as casas todas muito direitinhas. Especialista na produção de chocolate, queijo e cerveja artesanal. Nessa noite conhecemos Gramado, uma vila Natal, cheia de luzes e decorações. Um autentico conto de fadas! Conhecemos o parque do Lago Negro e mais impressionante a Cascata do Caracol, no meio da selva Gaúcha, uma maravilha da natureza com 131 metros de altura!
Na volta para a cidade paramos num templo Budista: o Templo Kandro Ling. Foi fundado por um monge Tibetano e aqui vive uma comunidade que se rege pelos ideias da cultura budista constituída por pessoas de todo o Brasil. O que mais nos marcou foi existirem umas construções de madeira próprias para marcar os caminhos das formigas, de forma a que não as calcássemos.
Voltamos para Porto Alegre para acabar a semana em grande com os anos do Rafa e uma visita à famosa feira do livro. Partimos com a certeza que vamos sentir saudade, com a vontade de voltar, mas acima de tudo, desejosos de podermos retribuir o carinho e hospitalidade que sentimos. 🙂
Como não conseguimos autocarro directo para o Chui (fronteira com o Uruguay) no sábado e só tínhamos no domingo à noite, resolvemos passar uma noite em Pelotas, uma cidade a meio do caminho. Fomos recebidos pelo Guilherme e a Thaís, e ficamos em casa da Ane – todos amigos do Francisco, que tinha conspirado fortemente para passarmos por aqui. E percebemos porquê: fomos novamente muito bem recebidos e a cidade era pequenina mas com pontos muito bonitos! Ficamos logo com vontade de conhecer mais, mas no pouco tempo que lá estivemos conhecemos os pontos turísticos da cidade – Mercado, Catedral, Igreja Cabeluda e Universidades – comemos no Sanata um Bauru, bem típico de lá, e ainda fomos a uma festa!