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Viajar é para os pobres!

Ir à Serra da Freita visitar o miradouro da Cascata da Mizarela não é conhecer a Serra da Freita, ir ao Gerês visitar a Cascata do Arado ou a Barragem de Vilarinho da Furnas não é conhecer o Gerês, ir ao Peru para visitar Machu Picchu não é conhecer o Peru… cada vez mais as pessoas conhecem o mundo pelo superficial, o que é fácil ver, o que é fácil atingir, isto porque acreditam que viajar, parar, explorar é para os “outros” que “têm tempo para isso”, ou dinheiro, ou “disposição”. Mas viajar não é para os ricos, porque os ricos, maior parte das vezes, são turistas, e isso é muito diferente de viajar, ou porque os ricos têm casas e carros e apartamento na praia e não têm “tempo”.

Viajar é, precisamente, para os pobres, para aqueles que não têm carro, não têm casa, não têm emprego. Viajar é para aqueles que sabem que isso não vale de nada, para aqueles que daqui a 20 anos preferem falar sobre os países diferentes que conheceram (e estou a falar conhecer, não visitar) do que dos carros diferentes que conduziram. Viajar é para aqueles que encontram “tempo”.

Viajar exige sacrifícios. E o primeiro sacrifício é ter a coragem de quebrar este “protocolo” do “bem viver”, em benefício de nós mesmo. Viajar exige superação de desafios. E o primeiro desafio é acreditar nesse benefício, e para isso basta procurarmos dentro de nós mesmos porque a resposta está lá. Portanto, viajar é simplesmente ter a coragem de acreditarmos em nós próprios.

A viagem começa a partir do momento em que nos apercebemos destas escolhas, a partir do momento em que olhamos para o mapa pela primeira vez, a partir do momento em que poupamos o primeiro euro, a partir do momento em que nos deitamos na cama de noite, abrimos o nosso Instagram, e começamos a ver fotos dos locais que queremos visitar… viajar começa no momento em que as desculpas acabam.

Mas um viajante não é um preguiçoso. Só é capaz de viajar aquele que é capaz de trabalhar pois só assim a viagem é uma busca de ti próprio e não uma fuga a ti próprio.

A ideia que o investimento material, e não o investimento pessoal, é o sustento de uma vida pessoal equilibrada é o que apodrece as nossas mentes enchendo-as de ansiedade e medo porque o mais provável é que nos apercebamos que nunca vamos ter os bens materiais suficientes para que a nossa vida seja “confortável”. Viajar é perceber que a vida é muito mais simples do que aquilo que fazemos dela.

Joásio

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