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Saudade

Sempre foi um assunto com o qual sabia que ia ter que lidar ao longo desta viagem. Sempre pensei que para ser viajante precisava de aprender a não sentir saudades. Precisava de apreciar estar sozinha e entender como a minha felicidade podia depender só de mim e das minhas viagens.
Mesmo no início da viagem, quando conhecia pessoas e conversava com elas ficava admirada com as histórias que me contavam. Alguns estão a viajar há meses. Outros há anos. Sem data para regressar. Ou com a intenção de regressar e preparar a próxima viagem. Planos que não acabam e uma lista infinita de países. Sonhos sem barreiras!
E a minha admiração era imensa. Pela coragem de partirem para a aventura. Pelo desapego do que deixam para trás. Pela necessidade de ver mais. Pela alegria de viajarem. E, sobretudo, pela subtil inveja que sentia por achar que não era capaz de desapegar e não pensar em tudo o que fica para trás.
Mas aprendi também nesta viagem que para ser viajante não preciso de ser desapegada. Um backpacker não é sinónimo de solidão, de desapego, de não sentir. Para viajar não preciso de não sentir saudade. Eu não deixo nada para trás. Ao invés, eu levo um bocadinho de tudo comigo e viajo com o coração tão cheio que a saudade passou a ser um sentimento maravilhoso.
Sentir saudade lembra-me da sorte que tenho pela minha família carinhosa e pelos amigos que ninguém substitui. Lembra-me das coisas incríveis que temos no nosso país. Sentir saudade lembra-me que tenho mil razões que sempre me vão fazer voltar!
Para ser viajante não preciso de ser desapegada, de não ligar à minha mãe, de não querer saber as novidades dos meus amigos… Para ser viajante só preciso de ter vontade de ir, de ver, de conhecer, de me conhecer. Preciso de ter coragem e finalmente partir. E é mesmo verdade, a vontade de continuar a viajar só cresce! E, no fim, sei que quando voltar (e de cada vez que voltar) vou ser tão feliz 🙂

Tamára

Muitas vezes temos de tentar explicar aos amigos que vamos fazendo ao longo da viagem o significado da palavra “saudades”, e esta explicação está perfeita:

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